15 de fev. de 2007

A Vida como ela é...

A luz do Sol que entra pela janela desperta Rodrigo que abre os olhos, mas não se levanta preferia dormir para esquecer a noite anterior em que seu antigo namorado o expulsou de casa, ainda com sono, pois não havia conseguido dormir direito, seus pensamentos lhe perturbavam e também as goteiras o obrigavam a ficar mudando a cama de posição, ficou um tempo deitado de barriga pra cima olhando para o teto daquela miserável pensão, o único lugar que arrumou para passar a noite, alguns minutos depois, levanta e vai lavar o rosto no tanque do lado de fora, passa um pouco de água na cara depois põe a cabeça embaixo da torneira para despertar, logo já ouve xingos de uma dona de casa reclamando dele se lavar em cima de sua louça, Rodrigo numa ocasião dessas costuma fazer um barraco porém desta vez esta abalado e ignora, entra no quarto de novo e veste a roupa que usava no dia anterior pois as outras além de estarem amassadas estavam molhadas pela água da chuva. Sai de lá sem rumo, pois precisava esfriar a cabeça, precisava arrumar alguém com quem conversar, mas num horário daquele, 7:30 da manhã ainda mais com aquele tempo? Ficou zanzando a manhã inteira desorientado, decide passar na padaria, quando entra sentado no balcão ali está seu amigo de infância Bruno, que começa a conversar com ele, que perguntar de seus pais, seu irmão, sua irmã; com respostas curtas Rodrigo tenta contornar a situação com um sorriso amarelo no rosto, mas não consegue disfarçar, quando Bruno o pergunta se ele está bem, Rodrigo cai em lágrimas e começa a fazer uma cena daquelas no balcão da padaria, vendo aquilo Bruno o conforta: “Calma aí, Digão, que que tá acontecendo brigou com os pais?”, Rodrigo diz a ele que teve uns problemas e o expulsaram de casa e recebe a resposta que esperava naquele dia tão miserável “Aí! Eu aluguei um apartamento aqui embaixo... Se você quiser dividir o aluguel...” claro que ele aceita e decide ir buscar as roupas na pensão, e a noite passa no apartamento de Bruno.

Na primeira semana enquanto Bruno ia trabalhar, Rodrigo ficava em casa arrumando as coisas, certo dia decide entrar na Internet para ver seus e-mails, propagandas, spam’s... nada de novo a não ser um e-mail desconhecido com os dizeres:

“Olá li seu recado no banheiro e também gosto de chupar e ser chupado, penetrar num cuzinho quentinho e brincar de sexo, segue em anexo minha foto ... Bjos André”

Rodrigo que sentia saudades daquele volume roliço em seu reto, responde a mensagem e começam a se comunicar nos chat’s, trocar fotos doentias por e-mail’s, uma semana de contato, “Ótimo papo, mesmos gostos, também saiu de uma relação em crise... Esse cara nasceu pra mim!” pensa ele.
André dizia que gostava de ouvir Spice Girl’s e sua integrante favorita era a Vitória, adorava jogar vôlei com as amigas da escola e que arrumava muitas brigas com os garotos de lá pelas chacotas intermináveis, enfim, varias coisas em comum.

Com o passar das semanas nem a casa ficava mais arrumada, o computador ficava 24 horas ligado, aquele “homem” misterioso excitava Rodrigo com seu intelecto e seus dotes. Decidem se encontrar sábado à noite no shopping, Rodrigo se arruma todo para encontra-lo, em sua pochete leva vaselina, camisinhas de sabores exóticos, uma caixinha de viagra e uma daquelas cuecas em formato de elefante, chega no local marcado uns 15 minutos antes, pois não agüentava a ansiedade, fica lá batendo os pés, e olhando no seu espelho de cinco em cinco minutos, a cada homem que passa ele sente um friozinho na barriga já são 30 minutos de espera e nada, a essa hora o buço esverdeado de Rodrigo já está todo molhado de suor, passa o tempo e nada de repente uma voz grossa lhe vem pelas costas “Com licença!” Rodrigo sorri, levanta e tenta abraça-lo mas toma um empurrão “Só vim avisar que o shopping está fechando!!!”, a tremedeira ataca, o banco em que estava sentado estava todo molhado de suor, suas costas transpiram muito, o segurança com um sorriso cretino lhe pergunta “Isso é suor ou urina?”, enquanto ele se dirige ao ponto de ônibus, mas primeiro para no orelhão para ligar para André “Esse filho-da-puta mexeu com a pessoa errada!!!” mas o celular está desligado, no apartamento toca o telefone, era André se desculpando por não ter ido pois falou que seu pai estava internado, Rodrigo o perdoa e começam a conversar de novo.

Mais dois encontros marcados no mesmo shopping e nada, sempre alguma desculpa, Rodrigo começa a pensar que ele arrumou um namorado que ele o estava fazendo de bobo decide ligar e xinga-lo, liga na casa dele:
-Alô?
-Oi, por favor o André?
-O André não ta, quem é?
-A senhora sabe onde que ele foi?
-Quem é ?
-É o Mau-Mauricio...
-Mauricio, ah! Desculpe o interrogatório, é que ele falou que tem um viado dando em cima dele! Ele saiu com a Camila.
-Viado?
-He! He! Vê se pode esse mundo!
-Quem é Camila?
-É a namorada dele! Você não sabia?
-Ele não costuma falar da vida dele, faz muito tempo que ele ta com essa...
-Com a Camila? Já são uns três anos! Assim que ele chegar eu peço pra ele te ligar, qual seu nome mesmo?
-Rodrigo... (balbuciando)

Rodrigo desliga o fone e chora, mas chora mesmo, e começa a se embebedar, masturbar-se (inclusive no sentido retal) a noite inteira, Bruno volta da balada quase às 3 da manhã com um amigo e duas garotas e vê a cena, Digão deitado de bruços no tapete do apartamento com uma calcinha toda suja por suas fezes e urina, garrafas de seu whisky reviradas e dezenas de coisas devassas espalhadas pela casa, começa a ficar nervoso:
- Seu pederasta desgraçado!!! Que merda é essa que você fez no meu apartamento? Você ta morando de graça há quase 2 meses e ainda faz isso comigo? SAI DA MINHA CASA AGORA!!!
Claro que Rodrigo só acordou depois do “Sai da minha casa agora!!!” e se deparou com a cena: Bruno com uma cara que nunca havia visto antes, as garotas com uma cara de nojo e seu outro amigo dando gargalhadas, se sentiu um lixo, pôs as duas mãos na cara e saiu correndo do apartamento deixando um rastro de merda, sai pra rua e fica perdido e se joga na primeira viela e começa a chorar encolhido, momento dramático. Alguns minutos depois decide pular numa casa abandonada, reconhece a casa, foi ali que tudo começou, começa a lembrar-se quando entrava lá com os amiguinhos e era enrabado pelo chefe da turma em troca ganhava proteção, o pote de manteiga que está no canto do cômodo lhe é familiar, lembra do dia em que seu pai lhe foi procurar e o encontrou com as calças tortas e a cueca no canto da casa, lembra da surra que levou de seu pai, de como o pessoal zoava seu pai quando ele saía com aqueles short’s da Bad Boy com os dois olhos na bunda “O esse olhinho piscou pra mim”, quando seu pai descobriu de forma pavorosa sua homossexualidade enquanto era sodomizado por Carlinhos seu ex-namorado, como foi expulso de casa após apanhar de seus irmãos, de como sua mãe falava “onde foi que erramos?” aos prantos tremendo, como foi recomeçar do zero com Carlinhos, como adorava suas pequenas orgias regados a “Chuva de prata” e “Banho marrom”, lembrou que adorava escrever frases provocantes em portas de banheiros, adorava a Parada Gay mas depois desse flashback, enfim Rodrigo percebeu o quão miserável era sua vida, enquanto ainda chorava, viu uma corda uma voz em sua cabeça lhe dizia“Acabe logo com isso”, deu o nó na corda, jogou no ponto de apoio e pulou da cômoda, antes de se jogar, percebeu que havia esquecido de escrever uma carta pra que todos soubessem como era a sua desgraçada vida. O mundo é cruel para os fracos, principalmente para aqueles que se iludem e abraçam a primeira “virtude” que lhe jogam na frente, existem muitos desses por aí que abraçam uma falsa virtude e defendem pela vida inteira no fim é vitima dela própria...
Nota: Rodrigo não morreu, porém ficou tetraplégico após o teto da casa ter desabado sobre seu corpo, hoje ele “vive” com os pais e nem se matar ele pode mais...

13 de fev. de 2007

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